lenda e tradicoes
Lenda e tradições de Tavarede
Lenda de Tavarede
Conta-se que aquando do cerco do Castelo de Montemor-o-Velho pelos Muçulmanos, a quem tinha sido tomado, no ano de 848, pelo rei de Leão, Ramiro I, e depois deste ter entregue o governo do castelo ao Abade D. João de Montemor(famoso abade do Mosteiro do Lorvão, que ficou célebre pelas suas vitórias sobre os moiros), quando já os sitiantes julgavam que o castelo se iria render, brevemente, pela fome, eis que o referido abade saiu do castelo com a gente de que dispunha e, travando batalha, conseguiu vencer e repelir os muçulmanos, perseguindo-os até Seiça.
Um dos chefes moiros, que detinha o poder de encantamento, temeroso que as suas oito filhas caíssem em poder dos cristãos, lançou sobre elas um feitiço: “por mil anos estarão presas nesta gruta de Santa Olaia, enquanto não surgir alguém capaz de quebrar o encanto”.
A uma delas, Katija, disse que o seu encantamento seria quebrado quando um cristão se aproximasse dela e lhe dissesse por três vezes: “sois bela como o sol”…
Mas o encantamento também previa: “ A terra para onde te levar aquele que vier desencantar-te, será uma terra aprazível, opulenta de galas da natureza, rica de plantas aromáticas, entre as quais uma, de cheiro rústico e agradável, persistente e suave, lhe dará o nome e alcançará fama”…
Depois da tomada de Coimbra pelo conde D. Sesnando, este enviou para Tavarede, como já se referiu anteriormente, Cidel Pais, com o fim de reconstruir e repovoar a vila.
Vários cavaleiros acompanharam este moçárabe para o ajudar naquelas tarefas. Um deles, ao passar por Santa Olaia, viu, com admiração, oito moiras encantadas junto a uma gruta e que fugiram quando o viram aproximar-se.
Uma delas, Katija, ficou um pouco atrás das irmãs. Alcançando-a, o cavaleiro, que ficou extasiado pela sua beleza, não se conteve e disse-lhe:
“sois bela como o sol”… Sem dar por isso, repetiu a frase várias vezes. O encantamento desfez-se!
Katija, grata pela quebra do encanto que tinha durado dois séculos, perguntou ao cavaleiro para onde a levava, ao que este respondeu que iria para Tavarede. Sem mais, a moira seguiu o seu libertador, lembrando-se das palavras de seu pai: terra aprazível, rica de plantas aromáticas, de cheiro rústico e agradável, persistente e suave…
Tradições
– Tavarede é considerada unanimemente a Capital Regional do Teatro Amador, remontando a 1860 os primeiros registos na imprensa da época relativos ás representações levadas a efeito pelas trupes locais nas casas mais abastadas da povoação. Mais tarde entre as décadas de 30 e 40 por força da carolice de José da Silva Ribeiro, João Santos e João Gaspar de Lemos Amorim viveu tempos áureos, depois a partir de 1950 com a autoria exclusiva dos textos de Mestre José Ribeiro e com musica do Professor António Simões e João da Silva Cascão, passou-se para um período em que toda a gente queria assistir a estas peças e todos os rapazes e raparigas queriam aprender a fazer Teatro.
Hoje continuam a existir três Colectividades que se dedicam à arte de talma, embora, sem dúvida, o expoente máximo continue a ser a escola da Sociedade Instrução Tavaredense.
– Comemoração do dia de Tavarede, 9 de Maio, data em que foi atribuído o foral por El-Rei D. Manuel no ano de 1516
– Festas em honra de S. Martinho, em Tavarede, no início do mês de Novembro. Todos os anos, no dia 11 de Novembro, a população de Tavarede festeja solenemente o São Martinho. A tradição, a religiosidade e o folclore envolvem a mais importante e antiga manifestação de fé desta localidade. A celebração é iniciada com a missa, momento em que habitantes e visitantes que acorrem à festa prestam homenagem e agradecem ao santo padroeiro graças concedidas. Logo de seguida, realiza-se a procissão, que percorre as principais ruas da Freguesia. A procissão é composta por vários andores, representando os lugares para os quais as pessoas fazem doações. E, por fim, a acompanhar uns copos de boa água-pé e castanhas assadas, um leilão destinado a vender os géneros doados, cujas receitas revertem a favor da igreja e das suas obras de caridade.
– Festas em honra de Santo António, em principio de Junho, em Carritos. Santo António é o padroeiro da capela existente no lugar de Carritos pelo que em Junho é levada a efeito a festa em sua honra.
– Ranchos do Maio, no 1º de Maio, por toda a Freguesia. Festa de cariz popular com bastante tradição na nossa terra e que é assim descrita na publicação “Aspectos da Figueira da Foz” de 1945:
“Beber, no alvor da madrugada do 1º de Maio água pura, gostosa e fresca, da fonte milagreira da Várzea de Tavarede – é da tradição que fornece saude, felicidade, alegria e sorte – para o ano inteiro.
Por isso toda a gente das terras ao derredor da linda e risonha aldeia, se agrupa e junta na praxista manhã, no largo onde a bica rumoreja num fio cristalino.Não há moça de trabalho, que não consuma a derradeira noite de Abril, a florir o seu pote de barro vermelho – que é grande o despique em apresentar, caprichosamente enfeitadas, as cântaras airosas.
Ainda o céu é um crivo de estrelas e mal se laiva o nascente de uma ténue e branda claridade, já descem dos píncaros do cruzeiro, das azinhagas do Robim, da estrada de Mira – seguindo o caminho fácil e jeitoso da Várzea de Tavarede – ranchadas de gente moça e gárrula, cantando e bailando, entre risos e folgares.”
Actualmente, como já não existe a fonte da Várzea, os ranchos deslocam-se para a Figueira onde actuam em diversos locais.
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